Programação

Sala de Cinema

Horários

11/01/2019 • 20:00h

Projeto Raros: Duvidha

Entrada franca
Índia, 1973, 82 minutos, HD
Direção: Mani Kaul
Elenco: Raisa Padamsee, Ravi Menon
A sessão será comentada pelo diretor e pesquisador Bruno Carboni.

Duvidha, de Mani Kaul, é um capítulo essencial da história do cinema indiano. O diretor disse, certa vez, que conseguiu se curar da doença chamada realismo com dois mestres: Robert Bresson e Ritwik Ghatak (seu professor de cinema e um dos mais importantes realizadores modernos indianos). Apropriando-se de uma história fantástica em seu terceiro longa-metragem, o realizador intensifica a ruptura com as duas correntes máximas que dominavam a produção nos anos 1960, a dos grandes espetáculos melodramáticos, realizados especialmente na indústria de Bombaim, e a do realismo poético, representado em seu esplendor pelos filmes de Satyajit Ray, o autor da Trilogia de Apu e outras obras-primas.

Ambientado em uma área rural do Rajastão, Duvidha é baseado em uma história do poeta Vijayadan Detha, que relata um conto popular da região sobre o filho de um comerciante, Krishanlal (Ravi Menon), cuja relação com sua jovem noiva, Lachhi (Raisa Padamsee), é frustrada por duas razões: as viagens de trabalho e a aparição de um fantasma.

Com um trabalho radical no uso do som e forte influência das pinturas em miniatura de Kangra e Basholi na construção visual, Duvidha ganhou reconhecimento imediato, alcançando o status de obra-prima do cinema de vanguarda dos anos 1970.

Para o ensaísta indiano Amit Chaudhuri, “em Duvidha, Kaul torna-se o primeiro artista a dar uma expressão cinematográfica consciente ao fato de que a Índia moderna, desde a metade do século dezenove, foi atraída pela iconografia religiosa ou folclórica não por motivos relacionados à busca por uma essência ou tradição
indiana, mas porque essa iconografia contém em si um jogo livre de abstração, forma e sinédoque”.

Mani Kaul nasceu em Jodpur, Rajastão. Graduou-se no Film and Television Institute of India em Pune, onde foi aluno de Ritwik Ghatak e, posteriormente, acabou lecionando. Seu primeiro filme, Pão Cotidiano, explora novas formas de expressão definindo o que viria ser a Nouvelle Vague Indiana. Sua elaborada teoria sobre a prática estética contemporânea, “Seen from Nowhere”, foi publicada no livro Conception of Space: Ancient and Modern. Morreu em 2011, aos 66 anos.

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