Programação

Sala de Cinema

Horários

16/07/2022 • 19:00h

A revolução de Sara Gómez + debate

Entrada franca
– Irei a Santiago (Iré a Santiago, 1964, 15min, 35 mm para DCP)

– Guanabacoa: Crônica de minha família (Guanabacoa: Crónica de mi família, 1966, 13min, 35 mm para DCP)

– Uma ilha para Miguel (Una isla para Miguel, 1968, 21min, 35 mm para DCP)

– Minha contribuição (Mi aporte, 1969, 33min, 16 mm para DCP)

A sessão será seguida por um debate sobre a obra de Gómez. O debate contará com a participação de Juliana Costa – crítica, professora e fundadora do Cineclube Academia das Musas – e dos curadores da Mutual Films (Aaron Cutler e Mariana Shellard).

Sara Gómez nasceu na cidade de Guanabacoa, em Cuba, em 1942, parte de uma família da elite cultural afro-cubana. Ela tinha 16 anos quando Fidel Castro assumiu o poder. Em 1961, ela entrou para o ICAIC – o Instituto Cubano de Arte e Industria Cinematográficas, a primeira entidade cultural estabelecida no país após a Revolução Cubana –, sendo a única mulher negra da equipe. Em pouco mais de uma década, “Sarita” dirigiu 19 curtas e médias-metragens de natureza documental, muitos deles exibidos exclusivamente ou quase exclusivamente nas premissas do próprio ICAIC. Ela experimentou diferentes linguagens cinematográficas para tratar da nova sociedade, explorando temas abrangentes como as heranças da cidade de Santiago de Cuba, as estruturas dos campos de reeducação para adolescentes na Ilha da Juventude e a condição atual da mulher cubana.

 

Os anos formativos de Gómez enquanto artista coincidiram com os anos formativos da Revolução. Isso se reflete através de um estilo cinematográfico em fluxo constante, cujas abordagens variam de passagens musicais e poéticas a entrevistas didáticas. E, também, através de um posicionamento às vezes mais crente e fiel aos ideais da Revolução, e às vezes, mais cético e crítico frente às expectativas para a “Nova Mulher” (e, junto a ela, o “Novo Homem”), que deve direcionar todo seu trabalho para o bem da sociedade. Os filmes de Gómez apontam as contradições de uma sociedade que visa criar modelos, sem conseguir, no entanto, superar valores antiquados.

 

A diretora estava finalizando seu primeiro longa-metragem de ficção quando morreu subitamente de um ataque de asma. Nas décadas subsequentes, ela se tornou uma figura de fascinação para muitos pesquisadores, que infelizmente tinham de recorrer a cópias deterioradas de seus filmes. Isso mudou nos últimos anos, primeiro, com uma restauração digital do longa-metragem, De certa maneira (1974-77), realizada pelo Arsenal – Institut für film und Videokunst e.V., em Berlim. Atualmente, há um processo em andamento da restauração dos documentários de Gómez pelo Vulnerable Media Lab (https://vulnerablemedialab.ca/), um projeto situado no campus da Queen’s University, no Canadá, cujo trabalho é direcionado para a recuperação de obras audiovisuais realizadas por mulheres e por cineastas indígenas (incluindo o acervo do Vídeo nas Aldeias). Os dois processos contaram com o envolvimento próximo do ICAIC (https://twitter.com/cubacineicaic), que frequentemente busca parcerias com instituições estrangeiras para a restauração de filmes de seu acervo.

O programa na Cinemateca Capitólio conta com os quatro curtas e médias-metragens de Sara Gómez (todos feitos em Cuba) que foram restaurados até o momento. Três dos filmes foram restaurados pelo Vulnerable Media Lab, em parceria com o ICAIC, entre 2021 e 2022. O quarto, Uma ilha para Miguel, foi restaurado pela Cinemateca de Bolonha, em parceria com estas duas instituições, em 2021.

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